Na manhã desta terça-feira (28), Dia do Funcionário Público, João Carlos (coordenador) e Carmen Trish (assistente social) participaram de uma entrevista no Costa Oeste News, onde representaram os servidores municipais e discutiram o futuro do atendimento em saúde mental na região.

Ao serem questionados sobre o significado de ser funcionário público, a assistente social Carmen Trish resumiu o compromisso: "é a responsabilidade de atender e de trabalhar pelo povo né para trabalhar pelos nossos e oferecer um trabalho de excelência."

Os servidores relataram a experiência de participar de um congresso de "Boas Práticas em Saúde Mental" realizado em Florianópolis no dia 21 e 22 de outubro. Segundo Carmen, o evento proporcionou "dias de muitas novidades, muitas formas de observar o paciente de saúde mental e trabalhar novas abordagens com ele, novos acolhimentos."

Protagonismo do Paciente

O principal aprendizado da viagem, de acordo com João Carlos, foi a reafirmação do protagonismo do usuário nos serviços de saúde mental. Ele enfatizou a mudança de paradigma na relação entre profissional e paciente: "o protagonismo do usuário de suas famílias, a autonomia que o paciente pode ter no seu tratamento. Já se foi o dia o tempo em que o paciente chega na frente do médico e somente o médico fala. O paciente não é mais paciente, ele é protagonista, ele tem a sua autonomia."

O coordenador explicou que o tratamento é multifatorial, não apenas medicamentoso, e que o paciente tem o direito de questionar e participar ativamente das escolhas: "ele pode conversar com o médico e falar: 'Olha doutor, esse medicamento já tomei, não me faz muito bem'. Qual é as outras opções que a gente tem? [...] O que mais eu sou? E essa descoberta pro paciente, para o usuário do serviço, é importante, porque a partir disso ele se vê como sujeito de direito mesmo."

CAPS e Novos Vícios

Os profissionais também esclareceram o papel do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) na comunidade, reforçando que ele atua dentro da lógica da reforma psiquiátrica: "o CAPS existe para não internar as pessoas, o CAPS existe para promover qualidade de vida da pessoa dentro do território," afirmou João Carlos.

No encerramento da entrevista, foi levantado um novo desafio social que tem chegado ao serviço: a dependência de jogos de aposta online ('bets').

"Aos poucos tem chegado ao nosso serviço sim, pessoas que estão com uma depressão mais forte por conta dos jogos. A pessoa se empolga, é um vício, assim como álcool, a droga, é uma droga", alertou Carmen Trish.

João Carlos completou o alerta comparando o mecanismo de recompensa do jogo com o de substâncias químicas: "o núcleo cerebral é o mesmo da droga. [...] A pessoa que está jogando, ela tem que saber: ela pode jogar e se tornar uma dependente. [...] Toda pessoa que está jogando, seja uma vez por dia ou duas vezes por dia, ela está correndo o risco de se tornar dependente."

Fonte: Costa Oeste News