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Jovem que foi esfaqueada e viu amigos serem mortos fala pela primeira vez de como sobreviveu a ataque: 'Segurei a faca dele'

Crime foi em setembro, em Londrina (PR), e terminou nos assassinatos de Júlia Garbossi e Daniel Suzuki. Defesa de autor espera laudo de sanidade mental.

Jovem que foi esfaqueada e viu amigos serem mortos fala pela primeira vez de como sobreviveu a ataque:

A jovem Clarissa Maria de Mendonça, de 24 anos, sobrevivente de um ataque a facadas que acabou nas mortes de dois amigos dela em Londrina, norte do Paraná, falou, em entrevista exclusiva ao Fantástico, sobre como conseguiu escapar de também ser assassinada.

O crime aconteceu em setembro deste ano, e foi praticado por Aaron Delesse Dantas, de 24 anos, que está preso. Júlia Garbossi Silva, de 23 anos, e Daniel Takashi, de 22 anos, foram mortos após o acusado invadir a casa onde estavam, no Jardim Jamaica, zona oeste da cidade.

Em nota, a defesa de Aaron disse que aguarda a realização de um exame para verificar a saúde mental dele. Leia mais abaixo.

Clarissa foi esfaqueada nas mãos e também viu os amigos serem assassinados. Ela convenceu Aaron a ir até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde contou aos médicos o que havia acontecido.

"Eu segurei a faca dele, comecei a empurrar pra trás. Prendi a mão dele assim com a faca contra a parede. Eu percebi que ele não iria me matar até que ele falasse tudo que ele tinha para me falar. Então eu falei: 'Você não vai conseguir falar tudo que tem para falar, eu tô perdendo muito sangue, eu vou desmaiar antes. Eu primeiro preciso lidar com isso para que a gente consiga ter essa conversa que você quer'. E aí foi que eu o convenci a ele me levar para a UPA", disse.

Aaron foi preso dentro da unidade de saúde com uma faca, um canivete e o celular da jovem.

Amizade e perseguição

Clarissa é natural de Santos (SP) e foi morar em Londrina para estudar Artes Cênicas, mas largou a faculdade para trabalhar. A jovem conheceu Aaron quando os dois eram funcionários no mesmo bar.

Ela conta que eles eram amigos, até o momento em que ele se declarou.

"Eu disse que não era recíproco, não sentia a mesma coisa. De início parecia que era algo que ia ser bem lidado, até que começou a ser invasivo comigo, mandar muitas mensagens, mensagens que fogem bastante de um contexto de amizade. E aí começou a partir para uma questão de violência, de falar: 'Estou na porta da sua casa, não vou sair até que a gente converse'", explicou.

A jovem diz que não queria iniciar um relacionamento, mas Aaron insistiu durante meses. Ele foi bloqueado nas redes sociais por ela, e começou a criar perfis falsos para chegar até Clarissa.

Festa que terminou em mortes

No dia do crime, ocorria uma festa na casa que Clarissa morava com Júlia. Imagens de câmeras de segurança mostram a sobrevivente chegando com outras duas amigas às 23h.


Daniel chegou um pouco depois, perto de 1h. Durante a madrugada, Aaron aparece se aproximando da residência e invadindo o local após pular o muro do vizinho.

"A gente foi dormir, a Júlia no quarto dela, eu e o Daniel no meu quarto. Quando acordei, achei que eu estava tendo uma paralisia de sono, porque ele (Aaron) já estava em cima de mim, já estava me sufocando. E aí eu comecei a gritar: 'Júlia! Júlia!'. Ele foi pra cima da Júlia daí. Ele parou de atacar ela e veio para cima de mim", relembra.

Na Justiça

A Polícia Civil indiciou Aaron Dantas por duplo homicídio qualificado e tentativa de feminicídio contra Clarissa.

O delegado entendeu que o crime foi praticado porque ela se recusou a ter um relacionamento amoroso com ele, demonstrando discriminação contrária à vítima por razões de gênero.

O Ministério Público teve uma compreensão diferente, e denunciou Aaron por tentativa de homicídio, e não feminicídio.


A Promotoria argumentou que não houve menosprezo ou discriminação à condição de mulher, que o acusado tinha interesse amoroso pela vítima e tentou matá-la porque não foi correspondido.

O MP também denunciou o acusado por tortura e pelo crime de "stalking", caracterizado por perseguição a alguém.

"Quando você tem um Estado processando e julgando uma pessoa que comete esse crime de 'stalker', você demonstra também pra sociedade que uma simples insistência pode levar a consequências trágicas e catastróficas", argumentou a advogada de Clarissa, Paula Rodrigues.

O que diz a defesa do acusado

Em nota, a defesa de Aaron Dantas informou que "aguarda a realização de incidente de sanidade mental", ou seja, um exame para verificação da saúde mental dele.

A defesa disse que o laudo está pendente de autorização judicial e que vai aguardar a conclusão do exame para se manifestar de maneira mais embasada e esclarecedorano processo.

Fonte: G1 Paraná

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