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Policiais aparecem sorrindo durante gravação de tortura em batalhão de Matelândia

Um dos soldados é Marlon Luiz dos Santos, que pediu baixa da corporação, respondeu a processo e foi condenado. O outro PM não teve nome divulgado, mas foi afastado após divulgação de vídeo.

  • 24/01/2024
  • Foto(s): Reprodução / RPC
  • Policial
Policiais aparecem sorrindo durante gravação de tortura em batalhão de Matelândia

Imagens que repercutiram na última semana mostram policiais militares do Paraná sorrindo enquanto torturavam suspeitos apreendidos no Batalhão de Matelândia, no oeste do estado.

Um dos policiais que aparece rindo nos vídeos é Marlon Luiz dos Santos. O outro não teve não o nome divulgado. As gravações são de 2017, segundo a Polícia Militar. Veja detalhes a seguir.

Marlon é quem aparece nas imagens que mostram dois jovens algemados, com as mãos para trás, encostados em uma parede, um deles com uma luva cirúrgica na cabeça.

O agente segura a cabeça do jovem erguida e o observa. Em seguida, Marlon dá um tapa no rosto do rapaz e tira a luva. Rafael Stefano, policial que grava a cena, pergunta ao jovem se ele "gostou do saco".

O rosto das vítimas foi borrado para protegê-las.

Marlon pediu baixa da corporação em 2019, respondeu a processo e foi condenado a três anos e oito meses de prisão por tortura. Rafael Stefano foi expulso da Polícia Militar e condenado a um ano e seis meses pelo mesmo crime.

Elyézer Rodrigues, responsável pela defesa de Stefano, afirmou que o ex-soldado está cumprindo a pena imposta e que, na época, prestou todos os esclarecimentos necessários.

O advogado Jefferson da Silveira Menezes, que representa Marlon, disse que o então soldado "participou ativamente do processo", colaborando e prestando informações.

Policial dá gargalhadas

Outras imagens gravadas no mesmo batalhão, no mesmo ano, mas que vieram à tona somente na última semana, também mostram policiais torturando jovens.

Novamente, um dos policiais envolvidos ri da cena. 

No vídeo, quatro rapazes estão encostados na parede com as mãos para trás. Junto deles está um policial, com uma espécie de bastão na mão. Ele bate com o objeto nas pernas e na sola do pé de um dos jovens.

O rapaz tenta se desvencilhar, mas o soldado manda não tirar o pé do lugar.

Em seguida, outro policial aparece na imagem, dá uma risada para a câmera e segura o pé do rapaz para cima. Com isso, o primeiro PM continua a bater com o bastão no jovem, que chora.

O policial que gargalha foi afastado das funções, segundo a PM. O nome dele não foi divulgado.

O órgão afirmou que não tinha conhecimento destas imagens. Segundo a corporação, o policial deverá responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e a um Inquérito Policial Militar (IPM).

'Absolutamente inaceitável'

O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, repudiou os atos de tortura após a repercussão dos vídeos.

“É preciso sempre nós vermos que estamos no século 21 e a tortura é absolutamente inaceitável. Deve ser punido, deve se buscar apurar e, na medida do justo, aplicar a punição.”

“É acima do absurdo duas pessoas que estavam ali, a essa altura, sem nenhuma reação, e nitidamente terem sido castigadas fisicamente”, acrescentou Batisti sobre um dos vídeos.

Após a divulgação das imagens nas redes sociais, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirmou que "os fatos não haviam chegado ao conhecimento" do órgão antes. De acordo com o MP-PR, "serão adotadas medidas apuratórias para esclarecimento e eventual responsabilização".

PM repudia torturas

O subcorregedor da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), tenente-coronel Idevaldo de Paula Cunha Junior, afirmou que a corporação repudia as torturas praticadas.

"A Polícia Militar repudia esses atos de violência, repudia qualquer ilegalidade cometida pelos nossos policiais. A gente vai apurar e responsabilizar com rigor esses policiais", disse o subcorregedor.

Ainda segundo o tenente-coronel, no caso do policial que continua na corporação, o agente foi afastado deve responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e a um Inquérito Policial Militar (IPM).

O tenente-coronel afirmou também que o policial pode responder criminalmente.

"Na esfera criminal, vai depender de todo processo criminal realmente do crime de tortura, que tem a previsão de até oito anos de reclusão, mas tem os agravantes, de ser agente público, mas ainda tem muitos fatos a serem apurados", destacou o tenente.

Em nota, quando o caso veio à tona, a PM afirmou que "a ação ilegal e isolada de um militar estadual não reflete os valores e o profissionalismo da corporação, que se dedica diuturnamente à proteção e ao bem-estar da população paranaense".

Fonte: G1

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