Em uma sessão tumultuada, a comissão especial do impeachment decidiu nesta quinta-feira (2) barrar a inclusão, na fase de coleta de provas, da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, e das gravações de conversas com políticos feitas por ele.
Os senadores aprovaram, sem a presença da defesa da presidente afastada Dilma Rousseff e de senadores aliados a ela que deixaram a sessão em um ato de protesto, as sugestões do relator, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que opinou pela rejeição de pedidos de inclusão de áudios de Sérgio Machado e de realização de perícia financeira no processo, entre outras solicitações.
Um dos áudios gravados por Sérgio Machado mostra uma conversa entre o ex-presidente da Transpetro com o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
No diálogo, o peemedebista sugere um "pacto" para barrar a Lava Jato e afirma que o impeachment de Dilma poderia ajudar a "estancar a sangria" causada pela operação que investiga o esquema de corrupção que atuava na Petrobras. O próprio Jucá é um dos alvos da operação.
Com base no teor da conversa entre Jucá e Machado, a defesa de Dilma argumentou que as gravações mostraram o real motivo da deflagração do processo de impeachment: interferir nas investigações da Lava Jato.
Na visão de Anastasia, o requerimento apresentado pela defesa visa ???reativar??? a discussão sobre o suposto desvio de finalidade cometido pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O relator ressaltou, no entanto, que essa discussão já foi superada quando o plenário do Senado aprovou a abertura do processo.
O senador do PSDB também argumentou que o prosseguimento do processo de afastamento foi autorizado por 367 deputados no plenário da Câmara e que questionar isso colocaria em xeque a legitimidade da Casa.
José Eduardo Cardozo protestou contra a decisão da comissão. Na opinião do advogado de Dilma, com a rejeição da inclusão dos áudios de Machado, a defesa ficou impossibilitada de "provar" que o processo de impeachment foi aberto em um ato de "desvio de finalidade" de políticos que queriam interferir na Lava Jato. Ele disse que recorrerá da decisão ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
Fonte: G1