O governo do Paraná e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fizeram um acordo para o fim da violência durante desocupações de áreas invadidas no estado. O assunto foi tema de uma reunião na tarde desta quarta-feira (25) no Palácio Iguaçu, em Curitiba. Entre as reivindicações, os sem-terra pedem o assentamento de dez mil famílias acampadas por várias regiões do estado, em especial das mais de mil famílias que vivem em Quedas do Iguaçu, no sudoeste.
O encontro com o governador Beto Richa (PSDB) e que contou ainda com a participação de representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi a condição imposta pelo MST para o fim dos protestos iniciados na quarta-feira (18), dia marcado para a reintegração de posse da Fazenda Santa Maria, em Santa Terezinha de Itaipu, no oeste, que estava ocupada desde março. Durante quase três dias, manifestantes bloquearam trechos de rodovias federais e estaduais e ocuparam praças de pedágio liberando as cancelas.
"Esperamos que possamos avançar nesse processo de mediação e no assentamento imediato destas dez mil famílias acampadas. Possivelmente depois destas dez mil famílias virão mais famílias que irão acampar para também serem assentadas", adiantou o coordenador nacional do MST, Diego Moreira.
"As reintegrações de posse podem ser pacíficas. Elas não precisam ser pacíficas. Todo o processo que temos aqui com com o movimento é de entendimento e conversação. ??s vezes demora muito mais a negociação pacífica porque ela dá muito trabalho", comentou o assessor especial para assuntos fundiários do governo do Paraná, Hamilton Serighelli.
"Temos cerca de 90 processos que dão em torno de 120 mil hectares que são suficientes para acampar todas estas dez mil famílias", garantiu o superintendente do Incra no Paraná, Nilton Bezerra.
Confronto e mortes
O confronto entre policiais militares e membros do MST no dia 7 de abril em Quedas do Iguaçu e que resultou na morte de dois sem-terra também foi tema do encontro. As mortes continuam sendo investigadas pelas polícias Militar, Civil e Federal, além do Ministério Público. Reconstituições do caso já foram feitas. E, a partir de segunda-feira (30) devem começar a exumação dos corpos dos dois mortos. O trabalho deve se estender por ao menos dois dias.
A PM e a Secretaria de Segurança Pública do Paraná dizem que os sem-terra armaram uma emboscada e atiraram nos policiais que iam verificar um incêndio ambiental nas proximidades do acampamento Dom Tomás Balduíno. Já o MST afirma o contrário, que a polícia atacou os integrantes do movimento.
Fonte: G1