Ouça ao vivo
Rádio Costa Oeste 106,5 FM

106,5 FM

Rádio Costa Oeste

Rádio Independência 92,7 FM

92,7 FM

Rádio Independência

Rádio Cultura 820 AM

820 AM

Rádio Cultura

Rádio Terra das Águas 93,3 FM

93,3 FM

Rádio Terra das Águas

Rádio Guaíra 89,7 FM

89,7 FM

Rádio Guaíra

Impacto da tabela do frete provoca aumento no preço do pão

Os moinhos de trigo afirmam que precisam reajustar os preços da farinha para incorporar mais esse aumento de custo

Impacto da tabela do frete provoca aumento no preço do pão

Os impactos da tabela de preços mínimos de frete, adotada para atender os caminhoneiros após a paralisação em maio, agora chegam às padarias. Os moinhos de trigo afirmam que precisam reajustar os preços da farinha para incorporar mais esse aumento de custo. O setor já sofre há alguns meses com a instabilidade do dólar e com a alta no preço do trigo por causa da seca em regiões produtoras.

Presidente da Abitrigo (Associação Brasileira das Indústrias do Trigo), Rubens Barbosa, diz que o reajuste varia de acordo com a região. Estima que, em São Paulo, ele seria da ordem de 5%. Nos Sul, ficaria próximo de 10%. Padarias, que já sentiram os reajustes do dólar e da cotação do trigo, ficaram surpresas com a manifestação da entidade. A leitura no setor panificação é que os reajustes anteriores foram suficie

O fundador do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, que vendeu o negócio em 2015, mas acompanha o setor até hoje, resume o ambiente: "São três fatores atuando: o dólar, o aumento do preço do trigo por causa da seca e, por fim, o aumento do frete que impacta tanto no transporte do trigo quanto no transporte da farinha. Ou seja, a tempestade perfeita", afirma Pih.

O Brasil colhe anualmente cerca de 5 milhões de toneladas de trigo e precisa importar mais 5,5 milhões. A maior parte vem da Argentina, que hoje sofre com a seca e pressiona a cotação internacional do produto. A disparada do dólar no Brasil reforça a pressão porque afeta o preço no mercado interno.

Presidente do Sindustrigo (Sindicato das Indústrias de Trigo de SP), Christian Saigh, diz que a alta do custo de produção bateu em 60% desde março, e que os moinhos ainda precisam repassar mais 10% ao preço final para manter o equilíbrio financeiro. Antes mesmo da paralisação dos caminhoneiros, as empresas do setor sofriam com outro desajuste: a redução da moagem de trigo, reflexo da demora na recuperação do consumo doméstico.

Para o setor de panificação, o reajuste agora seria inviável. "Nós achamos muito difícil que ocorra mais um novo repasse para o preço da farinha, já que nos últimos 70 dias houve um aumento de 22%", diz Antero José Pereira, presidente do Sindipan (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo). Pereira afirma que o reajuste fez com que o insumo passasse a representar 30% do valor final do pãozinho —antes a fatia era de 25%.

O receio de perder clientes, no entanto, tem feito com que as padarias segurem os repasses ao preço final do produto. "A maioria das padarias subiu 2,5%", diz. Se o repasse fosse integral, a alta teria sido de 8%. O grande pano de fundo dessa discussão, no entanto, é a pressão de diferentes setores da indústria e do agronegócio para derrubar a tabela.

Caminhoneiros autônomos defendiam sua adoção alegando que não conseguiriam trabalhar sem garantia de renda mínima. A fixação dos fretes, porém, elevou os preços acima dos praticados pelo mercado em vários trajetos. Alguns transportadores estão descumprindo a lei e ignorando a tabela. Mas grandes empresas de alimentos, que precisaram seguir regras de transparência, não podem burlar a tabela e estão incorporando a alta dos custos.

Depois de diversas ações na Justiça, três das quais estão no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Luiz Fux suspendeu a tramitação de processos e convocou uma audiência pública para 27 de agosto. Empresários apostam todas as fichas no resultado desse debate, segundo a Fiesp (Federação das Indústrias de SP). "Até o final do ano, a gente estima um aumento de custo de R$ 3,2 bilhões pela tabela de frete. E não é só na farinha", diz o presidente da federação, José Ricardo Roriz.

Segundo ele, o custo acabará sendo pago pelo consumidor e será mais evidente em produtos de menor valor agregado, em que o frete pesa mais, como a cesta básica, para as famílias; a areia, na construção civil;e fertilizantes, para o agronegócio. Mas nos bastidores, executivos admitem que os preços não têm sido fielmente cumpridos por todas as empresas.

Fonte: Folhapress