Uma lição fica pra gente de toda essa movimentação que mostrou a força do caminhoneiro no Brasil.

Inegável força.

Num país em que o principal modal é a rodovia, é muito óbvio que esta classe sofrida, tem mesmo um grande poder nas mãos.

Mas este poder nunca havia sido usado como neste movimento.

Alguma que outra paralisação, mas sem força.

A força que os caminhoneiros conseguiram reunir entre si, é fruto de uma indignação que não é só deles.

É resultado de uma indignação geral com os desmandos pelos quais o país está submerso há muito tempo.

Tivemos muitas rupturas no Brasil e não é de hoje.

As coisas foram se acumulando, se acumulando e uma hora iria estourar.

Indignação.

Indignação que aflorou com a queda de Dilma, com a prisão de Lula e antes disso, com as revelações do propinoduto da Petrobrás, com as mazelas das malas de dinheiros, das gravações de negociatas e de todas as sacanagens que vieram à tona, principalmente pela ação da justiça através da Operação Lava-Jato.

Os caminhoneiros puderam externar tudo isso que o povo inteiro, na sua grande maioria, queria fazer.

Só que a vitória foi de quem lutou, quem se movimentou. Só baixou o diesel, tabela mínima para frete, pedágio isento para eixo suspenso.

Pra nós, mortais que não temos possante e que não fomos em massa pras ruas, só apoiamos de forma fragmentada e pontual, a gasolina continua um absurdo, o gás idem e tudo mais nos apertando as contas.

Fonte: Elder Boff