Ouça ao vivo
Rádio Costa Oeste 106,5 FM

106,5 FM

Rádio Costa Oeste

Rádio Independência 92,7 FM

92,7 FM

Rádio Independência

Rádio Cultura 820 AM

820 AM

Rádio Cultura

Rádio Terra das Águas 93,3 FM

93,3 FM

Rádio Terra das Águas

Rádio Guaíra 89,7 FM

89,7 FM

Rádio Guaíra

Cebola que não faz chorar está chegando aos supermercados

Nova cebola que não provoca lágrimas já tem até nome:???Dulciana. Invenção é fruto de pesquisa da Bayer com agricultores

  • 29/08/2017
  • Foto(s): Arquivo / Gazeta do Povo
  • Agricultura
Cebola que não faz chorar está chegando aos supermercados

Cortar cebolas sem lágrimas é um sonho que se tornou realidade. A safra 2017 do Estado de São Paulo que chega aos mercados nos próximos dias tem uma novidade: a cebola que não faz chorar.

Após 20 anos de estudos, pesquisadores da multinacional alemã Bayer conseguiram reduzir a quantidade de enxofre que é liberado quando a cebola é cortada e, em contato com os olhos, causa irritação e choro.

O processo de criação da nova variedade, chamada Dulciana, começou com a avaliação das diversas variedades de cebola disponíveis no mercado.

Depois, as que tinham características desejadas - como mais açúcares, menos acidez e menos enxofre - foram selecionadas e, então, foi feito o cruzamento entre elas, para fazer o melhoramento genético.

“Depois, testamos o novo híbrido no campo, avaliamos os índices de produtividade e a resistência a doenças”, conta o pesquisador Joelson Freitas, do segmento de cebolas da Bayer.

Os agricultores que plantaram a nova variedade queriam ter em mãos um produto diferenciado, como Sidimar Mengali, de Itobi, município localizado a 250 quilômetros de São Paulo.

Ele e outros colegas de sua região começaram a colher na sexta-feira passada a nova variedade.

“Os compradores estão pedindo por ser uma cebola menos ardida, mais agradável”, diz o agricultor, que plantou 40 hectares no total.

Em 2015, o Estado de São Paulo colheu 197 mil toneladas de cebola, o equivalente a 13,6% da produção nacional, de 1,44 milhão, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Santa Catarina e Bahia foram os campeões na produção, com 339 mil e 282 mil toneladas, respectivamente.

A nova cebola é o sonho de quem “sofre” quando vai cozinhar. Marisabel Woodman, proprietária de um restaurante peruano que usa 150 quilos de cebola por semana, diz que ter outra variedade é bom, principalmente se ela evita as lágrimas.

“Na hora de cortar, todo mundo aqui no restaurante chora, o ambiente fica até carregado”, brinca a chef do La Peruana, na zona oeste paulistana.

Cozinheiro-chefe de um restaurante por quilo, Rildo Félix afirma que, apesar da experiência, não consegue evitar as lágrimas quando corta cebolas.

“É só cortar a primeira que já começa o choro, é inevitável”, diz ele, que usa 30 quilos por semana no Feijão Brasil, nas proximidades da Avenida Paulista.

“Nunca tinha ouvido falar, me despertou a curiosidade”, comenta. Para Félix, variedades diferentes podem diversificar o consumo da cebola no País, ainda vista como tempero.

Feirante há 35 anos, Antônio de Campos Madeira relata que a maior parte de seus clientes busca cebola para temperar arroz, feijão ou acompanhar um bife.

Mas alguns procuram cebolas mais suaves, sem sucesso. “Essa variedade nova vai satisfazer esse pessoal”, opina.

Futuro

O coordenador da Câmara Setorial de Cebola da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri), Daniel Schmitt, diz que cebolas menos ácidas têm espaço nos Estados Unidos.

Lá, nos anos 1980, o consumo do alimento caía entre jovens e crianças.

Então, pesquisadores selecionaram variedades mais suaves, que tiveram boa aceitação e alavancaram o consumo.

“Faltava essa oferta no País. Vamos alcançar um novo público e o consumo de cebola, em média de 7 quilos por pessoa por ano, pode aumentar”, diz Schmitt.

Uruguaios e argentinos comem cerca de 12 quilos por ano.

Fonte: Gazeta do Povo