A intervenção federal no Rio de Janeiro suscita algumas discussões a respeito de causa e efeito.

Os problemas de violência, principalmente ligados ao tráfico de armas e drogas nos morros cariocas são causa ou efeito.

Claro que são efeitos.

A causa está muito evidente e perto da gente.

A causa são as fronteiras liberadas para o tráfico de armas e drogas, bem como para o contrabando.

De vez em quando se apreendem armas e drogas, mas praticamente é uma amostragem.

Dizem que os bandidos nem se importam tanto quando um carregamento é pego.

Outros 10, 20 ou sei lá quantos, passam de liso.

Hoje ouvi uma notícia da prisão de 10 elementos ligados ao tráfico internacional de drogas depois de dois anos de investigação.

É isso que falta por mais em prática: a inteligência dos organismos de segurança e sua junção.

Somente com a união dos vários organismos policiais e de segurança, bem como, com o cruzamento de dados bancários, financeiros, inclui-se aí a Receita Federal, será possível descobrir o caminho do dinheiro.

Ao ser elucidada a rota da grana fácil que ganham no tráfico, começa a ficar complicado para lavá-la e isso inibe o crime.

Outra coisa: será que não haveria um acordo internacional para que se eliminassem as plantações de maconha e cocaína?

A quem interessa deixar praticamente livre este tipo de atividade primária? A ninguém.  Ou existe algum governo declaradamente a favor do plantio?

Atacar uma favela do Rio é atacar o efeito, é medida paliativa. Como nas doenças, é melhor prevenir do que remediar. Mas como são organizações poderosas do crime e que contam com ajuda de quem não deveria ajudar, fica difícil a prevenção e enquanto isso, vamos atacando os efeitos.

Fonte: Elder Boff